Declaração da Fundação da Frente Popular de Libertação da Palestina (1967)

Povo da nação árabe!

Povo da Palestina!



Há cinquenta anos, as massas do nosso povo enfrentaram uma série contínua de ataques pelo Sionismo e colonialismo sobre o povo desta nação, e o nosso direito à liberdade e à vida. Cinquenta anos depois e as forças globais do Sionismo e imperialismo continuam a planear golpes, ataques e guerras para estabelecer a ideia duma entidade – o Estado de Israel. Cada dia desta era histórica, as massas do povo estão a lutar contra cada um destes planos. Vimos através dos anos da vida do nosso povo Palestiniano, uma continuação desta luta através de levantamentos e revoltas, cristalizando no último período no trabalho de comandos praticado pelas vanguardas do povo com base na recusa total da submissão, rendição e cedência, e outras formas e métodos de acção política. Este avanço também representou a determinação das massas do povo Palestiniano para tomar a iniciativa de abrir caminho à emancipação total, que é simultaneamente a responsabilidade de todas as massas árabes.


O nosso povo em luta!


A derrota militar sofrida pelos exércitos árabes serviu como o início duma nova fase de trabalho em que as massas revolucionárias têm de tomar o seu papel de liderança responsável para confrontar as forças do imperialismo e do Sionismo, que a história provou que é a arma mais efectiva para esmagar todas as formas de agressão colonial e para dar a iniciativa às massas populares para formar o futuro segundo a sua vontade e os seus interesses. A única arma que resta às massas para restaurar a história e progresso e verdadeiramente derrotar os inimigos e potenciais inimigos a longo prazo é a violência revolucionária para combater a violência e reacção Sionista. Não há outra opção à frente das massas da nação árabe – elas enfrentam um inimigo feroz que quer que se rendam incondicionalmente. As esperanças e anticipação das massas árabes chegaram qualitativamente a um novo nível de antes do 5 de Junho; elas sabem que a natureza da etapa e das condições objectivas amadureceram ao ponto de nos permitir erguer o lema da luta armada popular e por em prática até à vitória numa batalha longa e duradoura, uma vitória que tem de ser conseguida pela vontade e pelas aspirações das massas.


As massas do nosso povo Palestiniano vivem hoje pela primeira vez desde a Catástrofe de 1948 num território Palestiniano completamente ocupado, confrontando um inimigo voraz cara a cara, e nós temos de tomar este desafio até ao fim ou teremos de aceitar ou render às ambições do inimigo e à humilhação do nosso povo e absorverem os destinos das nossas vidas. O deslocamento e a dispersão nos últimos vinte anos criaram uma circunstância em que temos de confrontar os invasores Sionistas; o destino do nosso povo e a nossa causa e todos os seres humanos na Palestina dependem da nossa determinação Palestiniana para combater os invasores de modo a preservar a nossa dignidade, a nossa terra e os nossos direitos.


O povo Palestiniano deslocado nos campos de deslocação e isolamento,

Lavradores da nossa terra inflamada,

Ó pobres, firmes nas nossas cidades e nas aldeias, nos campos da miséria!


Através do vosso valor e resistência em confrontar o inimigo, um lema é fundamental e repetido diariamente – só a resistência armada, e não há vida para nós nos nosso território ocupado excepto a vida da luta armada popular ao serviço dos nossos objectivos e da batalha diária. A resistência armada é o único método efectivo que deve ser usado pelas massas populares em lidar com o inimigo sionista e com todos os seus interesses e a sua presença, as massas são a autoridade, o guia, e a liderança da resistência a partir da qual a vitória será conseguida no fim. É necessário recrutar as massas populares e mobilizá-las como participantes e líderes activos, algo que só poderá ser conseguido através da organização sistemática abordando a luta armada das forças das massas, criando uma consciencialização elevada de todas as dimensões da batalha e as suas etapas, e o recrutamento contínuo de mão-de-obra para a organização armada, construindo a liderança revolucionária para ser mais capaz de exercer a resistência e continuar apesar de todas as dificuldades e obstáculos. Assim sendo, de modo a unificar as forças e energias das massas Palestinianas no território ocupado, teremos realizado uma reunião com as seguintes organizações Palestinianas: Os Heróis do Regresso, os esquadrões da Frente de Libertação da Palestina (Organização do Mártir Abdul Latif Shrour, Organização do Mártir Qassam, Organização do Mártir Abdul-Qader al-Husseini), a Frente Nacional para a Libertação da Palestina (Organização Juvenil para a Vingança), e outros grupos na Pátria. Estas organizações chegaram a acordo entre si para se unirem sob a bandeira da Frente Popular de Libertação da Palestina, atingindo uma unidade fiel entre estas forças, aprecebendo-se que a natureza e dimensões da batalha e das forças hostis obriguem-nos a agregar todos os esforços e escalões revolucionários para a nossa luta longa e amarga contra os nossos inimigos.


A Frente Popular de Libertação da Palestina, iniciada e dirigida por um grupo fundamental de revolucionários, está ao mesmo tempo aberta a todas as forças e grupos Palestinianos, para reunir numa frente nacional revolucionária alargada para atingirmos o estabelecimento duma unidade nacional entre todas as facções envolvidas na luta armada. A unidade de todos os lutadores da liberdade é uma exigÊncia real para o nosso povo, já que a batalha é longa e cruel e a cisão é intolerável nas fileiras do movimento nacional, e, assim sendo, a Frente Popular dedica-se totalmente a esta exigência porque se formou nesta base. Hoje as nossas massas marcham pelas portas da luta armada e acreditamos que a liderança das massas na luta armada, erguendo a sua bandeira como a única garantia para a firmeza desta luta e da sua elevação ao nível da Revolução Palestiniana, com todas as suas dimensões e conteúdo.


O nosso povo lutador!


A única língua que o inimigo compreende é a língua da violência revolucionária. A luta armada é o princípio principal para o nosso conflito duradouro que temos contra a ocupação e contra as tentativas de liquidar a nossa luta através das tentativas de colonização, que começaram outra vez nalgumas áreas da Pátria árane e impor uma ocupação totalmente inaceitável sobre partes da nossa terra árabe. Estamos a lutar contra o inimigo em toda a terra onde os pés dos seus soldados marcham. Esta é a nossa abordagem histórica – onde iremos até atingirmos a fase onde abriremos uma frente alargada contra o inimigo e viremos a nossa terra num inferno flamejante para os invasores. O fogo cruzado da luta armada não é conhecido pelos seus limites e a resistência armada não deve estar limitada aos militantes, mas ser aceite por todas as partes e sectores da resistência Palestiniana contra o inimigo a todos os níveis, lidando com o inimigo militarmente, mas também um boicote total de todas as instituições económicas, civis e políticas do inimigo e a rejeição de todas as ligações.


O lema das nossas massas tem de ser a resistência até à vitória, assente no coração com os nossos pés firmes no chão e compromisso profundo com a nossa terra. Hoje a Frente Popular convoca as nossas massas com esta chamada. Este é o apelo. Temos de repeti-lo todos os dias, através de todas as balas avançadas e com a queda de cada mártir, que a terra da Palestina pertence hoje a todas as massas. Todas as partes da nossa terra pertencem às nossas massas que a defenderam contra a presença do usurpador, cada pedaço de terra, toda a rocha e pedra, as nossas massas não abandonarão um centímetro dela porque ela pertence às legiões das pessoas pobres, famintas e deslocadas. Para libertar esta terra e para o nosso povo firme, os nossos lutadores caem de cabeça erguida. As massas – Ó filhos do nosso povo heróico – são o sopro vital para os lutadores e é o envolvimento das massas na batalha que garante a vitória a longo prazo. O apoio popular dos militantes a todos os níveis em toda a terra forma a base para a luta genuína, firme e avançada e a firmeza crescendo até esmagarmos o inimigo.


Povo da nação árabe!


Esta batalha é longa e dura e a resistência armada hoje é a vanguarda da luta com a frente árabe firme. Todo o árabe exige hoje o apoio total para a marcha do corpo de combate armado a todos os níveis. As massas lutadoras Palestinianas no território ocupado são actores da marcha revolucionária árabe contra o imperialismo e as suas forças fantoches. À nossa resposta à aliança e colonialismo Sionistas, faremos a ligação orgânica entre a luta do povo Palestiniano e a luta das massas do povo Árabe, face aos mesmos riscos e aos mesmos esquemas, e assim o trabalho da luta armada Palestiniana determina a posição dos árabes que estão pela luta contra aqueles que são contra. A luta do povo Palestiniano está ligada à luta das forças da revolução e progresso no mundo, o formato da coligação que enfrentamos obriga a uma coligação correspondente que inclui todas as forças anti-imperialistas por todo o mundo.


As nossas massas em luta por toda a terra Palestiniana,

Caros trabalhadores e camponeses,

Ó pobres e refugiados,

Caros estudantes,

Funcionários e comerciantes!


Isto é o princípio dum movimento do povo que brande as bandeiras do sacrifício, firmeza e desafio. Estamos no terreno e prometemos que a luta armada não é um sonho cor-de-rosa, mas mais luta, liderada pela mobilização política das massas para defender os indefesos contra a repressão e perseguição. Avançamos cada passo da luta hoje, preparando-nos para lutar uma batalha longa, árdua e amarga com a vossa liderança e compromisso como os verdadeiros donos da causa. Essa batalha não é fácil nem rápida, mas é a batalha do destino e a sua presença exige o nosso compromisso profundo, capacidade de continuar e firmeza.


Glória à firmeza da nossa nação árabe!

Glória à luta do nosso povo!

Viva a unidade dos nossos lutadores na terra da Palestina!


Iremos certamente ganhar!


11 de Dezembro de 1967



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